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Compaixão


Desembarcando, viu Jesus uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfermos. – Mt 14.14.

Compaixão, essa é uma palavra que praticamente desapareceu do vocabulário de muita gente. A vida muito agitada, o corre-corre diário, a luta pela sobrevivência, tudo isso tem contribuído para que as pessoas não percam tempo com o problema de outros. Compaixão não é um gesto, uma atitude ou um comportamento. É um sentimento íntimo, gerado lá dentro do coração. E sem uma especial atenção à situação alheia, sem um mínimo de tempo gasto em conhecer o problema do outro, jamais brotará uma verdadeira compaixão. “Desembarcando, viu Jesus uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfermos”.

Indo um pouco mais fundo, a falta de interesse é consequência direta de algo bem pior, o egoísmo. A explicação é simples: o egoísta já tem a mente e o coração tão cheio de si próprio, que não sobra mais espaço para ninguém. Os outros que cuidem de si. Na passagem acima, observamos três verbos referentes a Jesus. Primeiro, Ele viu a multidão. Em outras palavras, se expôs, colocando-se em contato direto com o povo. Dificilmente Ele teria se conscientizado da necessidade de curar aqueles enfermos sem tê-los visto pessoalmente. E mesmo se expondo àqueles infelizes, Jesus poderia apenas ter olhado para eles, achado tudo natural e simplesmente seguindo adiante. Mas não foi assim.

Ele compadeceu-se da multidão. Em consequência do que viu, Jesus sentiu-se solidário com eles, sofrendo com aquela pobre gente. Era a compaixão latente em seu coração. Mas imaginemos que, nesse ponto, o Salvador tivesse ido embora, sem ter feito nada para aliviar o sofrimento daqueles doentes. Pergunto: de que teria valido a compaixão? De nada, é claro. Aliás, seria até questionável aquele tipo de sentimento, porque a compaixão sincera "empurra" a pessoa a fazer algo por quem necessita. Quem está tomado da verdadeira compaixão, não se sente em paz sem fazer algo, sem se dar ao próximo. A compaixão age, trabalha, é ativa.

Veja agora o terceiro verbo que descreve o que aconteceu com Cristo: Ele curou os enfermos. Com essa atitude Ele provou que realmente se compadecera daquela gente. Quando foi a última vez que você se expôs ao problema de alguém, que tirou uns minutinhos para ouvir uma triste estória, ou que visitou alguém doente? E quando isso aconteceu você sentiu dentro de si um aperto no coração, uma tristeza misturada com angústia, uma vontade de ajudar?

Agora, a prova de fogo: depois de tudo isso, você realmente fez algo pela pessoa? Tentou ao menos aliviar seus sofrimentos? Se for assim, você teve compaixão de verdade, graças a Deus. Caso negativo seria recomendável você questionar os seus sentimentos, avaliando-os com honestidade e pedindo ao Senhor pela oportunidade de praticar a compaixão pelo próximo.

Mauro Clark

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