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ESPERANÇA NA TRISTEZA


"Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!
A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?
As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, enquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?
Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão. Fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava.
Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face.
Ó meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida; por isso lembro-me de ti desde a terra do Jordão, e desde os hermonitas, desde o pequeno monte.
Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim.
Contudo o Senhor mandará a sua misericórdia de dia, e de noite a sua canção estará comigo, uma oração ao Deus da minha vida.
Direi a Deus, minha rocha: Por que te esqueceste de mim? Por que ando lamentando por causa da opressão do inimigo?
Com ferida mortal em meus ossos me afrontam os meus adversários, quando todo dia me dizem: Onde está o teu Deus?
Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus."

(Salmos 42:1-11)


Há um consenso entre os estudiosos que esse Salmo tenha sido escrito por várias pessoas (os filhos de Coré) que estavam vivendo em cativeiro longe de sua terra, sob opressão de um inimigo impiedoso, quando comeram o “pão de dores”.

Esse Salmo nos apresenta uma rica lição do valor que há no tempo de aflições para o crescimento de nossa fé e do conhecimento de nosso Deus.


1. A Tristeza pode ser um Instrumento para Desenvolver a Maturidade Espiritual:

Distante do conforto e aconchego de suas casas os salmistas tiveram oportunidade de desenvolver uma imensa necessidade por Deus, passando a ter necessidade de ver o Deus Vivo face a face.

O deserto gera neles a necessidade de intimidade com o Senhor. Reconhecendo ali o valor da época em que participaram de um culto festivo ao Senhor, provavelmente como líderes, pois nada deve substituir o tempo reservado para estar com Deus e celebrá-lo. Vejamos o exemplo da Igreja Primitiva – At 4.29.

Para nossa reflexão: Quando passamos por um momento de aflição, como reagimos? O que perguntamos?

"Por que, Senhor?"    "Para que, Senhor?"


2. A Tristeza nos Ensina a Esperar em Deus

Em dois momentos os salmistas se animam a colocar sua esperança no Senhor (5, 11). Neste momento de solidão eles começam a se perguntar quando o livramento que vem das mãos do Senhor virá e que pode conduzi-los ao verdadeiro conforto no futuro. 

Com duas perguntas existenciais: "Por que, minha alma, você está abatida?" "Por que, minha alma, você sofre esta angústia?"

Os salmistas colocam a própria alma no “divã”, e depositam, por meio da fé, a esperança em Deus. Ponha a sua esperança em Deus!

A vida de oração dá forças para experimentar condições para provar as misericórdias durante as horas do dia e a consciência da presença de Deus era motivo para canções durante as horas da noite.

Para nossa reflexão: Como tenho enfrentado os conflitos quando estou só?


3. A Tristeza do Presente Não é o Fim:

Os salmistas nutrem uma esperança para sobreviver à tristeza que vivem no presente apesar de se sentirem levados como se fosse pela força de uma cachoeira (7), com a impressão de que os seus ossos foram esmigalhados (9, 10), sem, contudo, perderem a compreensão de que Deus é sua Rocha. Dentro deste contexto, o coração de cada um se renova em esperança (11), compreendendo que esse momento de silêncio de Deus irá terminar. Então, há uma esperança que vai além do sofrimento – 2 Co 4.17.

É possível que muitos cristãos têm usado esta palavra de Asafe para fortalecer sua esperança – Sl 73.26.

Para nossa reflexão: Que atitude tenho tido para resistir às adversidades?  Consigo enxergar que a angústia do presente não é o fim?


Conclusão

    Este ambiente produziu condições para os salmistas:

    Estruturar as raízes de sua relação com Deus (1, 2);

    Valorizar o significado do culto ao Senhor (4);

    Ter uma saudável experiência de oração (8);


"Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo. Porque em esperança fomos salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos. E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos."

(Rom 8.18-27)

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